A hora de deixar o circo, de virar a página

A hora de deixar o circo, de virar a página

Dez anos a mil ou mil anos a dez?

Para Lobão, na vibrante "Décadence Avec Élégance", canção inspirada em uma ex-modelo, hoje sexagenária, melhor a primeira opção.

Felipe Massa decidiu não permanecer na Fórmula 1.

Não creio que tenha sido por falta de opções.

Mesmo que tenha recebido um aviso da Williams de que não teria seu contrato renovado (acho que isso aconteceu), se batesse em algumas portas poderia encontrar assento em um cockpit para pelo menos mais um ano na categoria, onde aportou em 2002.

Porém, nenhum lugar disponível seria muito atraente.

Descartada a Williams, que está patinando (embora seja respeitabilíssima e séria), as alternativas seriam Renault ou Haas.

A primeira, melhor opção, porque no atual momento da F1, fazer parte de um time oficial de montadora, com apetite para desbancar a dominante Mercedes é alvissareiro.

Quanto a Haas, uma incógnita. Por melhor carro que faça, sempre estará um passo atrás em termos de evolução do conjunto motriz, no caso atual, da Ferrari.

E, ainda que o regulamento de 2017 tenha lá suas novidades, não deve-se esperar uma mudança tão ampla na atual relação de forças.

Uma nova "Brawn", está fora de cogitação. Aquilo que aconteceu à "ex-Honda" em 2009 dificilmente se repetirá.

Falando em 2009...

Aquele ano foi marcante para Massa e, justamente os dois pilotos da Brawn, Rubens Barrichello e Jenson Button.

Massa, por conta do acidente que sofreu no treino classificatório em Hungaroring, quando uma mola da Brawn de Barrichello se soltou e foi de encontro à cabeça do compatriota, então na Ferrari. Um susto danado, alguns dias hospitalizado e fim de campeonato para Massa, que só retornou no ano seguinte.

Para alguns, a tal mola foi um divisor de águas na carreira de Felipe. Não concordo. Ele continuou forte, aguerrido e só não foi melhor porque na Ferrari, por exemplo, enfrentou Fernando Alonso, o melhor piloto do grid.

Quanto a Rubens Barrichello e Jenson Button, ambos tiveram em mãos o melhor carro do ano, a Brawn (que era um carro da Honda melhorado), e impulsionado pelo ótimo V8 da Mercedes (nossa, que saudade de um bom V8 puro, sem as traquitanas atuais...).

A melhor chance de ambos para um título na F1. Button foi melhor e levou o caneco.

Button no GP do Brasil de 2009

Barrichello continuou na F1 por mais duas temporadas apagadas em uma fraca Williams e uma na Indy, também por um time pequeno, a KV Racing. Foi para a Stock Car, conquistou o título em 2014, uma Corrida do Milhão, continua por lá e, nas horas vagas, disputa campeonatos de kart com chancela FIA acompanhado do filhos e ainda capitaneia um programa na tevê e internet. Segue feliz da vida fazendo o que gosta.

Button anunciou que não corre na McLaren no próximo ano. Em seu lugar, o belga Stoffel Vandoorne. Mas seguirá contratado pelo time inglês. Piloto de testes (mas hoje quase não se testa!), então, entenda-se, terceiro piloto. Duvido que volte em 2018 para a F1, mesmo que Alonso também diga adeus.

Assim, aquele 2009 acabou sendo mesmo importante aos três: Massa, Barrichello e Button.

Barrichello, porque voltou a estampar manchetes, ganhando corridas e disputando o título.

Button, pela conquista de um campeoato em que poucos apostavam.

E Massa pelo acidente.

Button continuará "preso" à F1 por algum tempo.

Massa pode alçar outros voos, tentar ser campeão no WEC, DTM ou F-E, por exemplo.

A F1 não é tão atraente como era há alguns anos, então acho que Felipe tomou a decisão acertada, independente do que faça futuramente, seja no automobilismo ou não. Ganhar 11 corrida na principal categoria do automobilismo é muito relevante.

Uma hora é preciso mesmo virar a página, independente do que tenha ficado para trás, bom ou ruim.

Depois de viver anos e anos a mil, talvez seja a hora de reduzir a marcha, ainda que acelerando.

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SOBRE O COLUNISTA

Editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, começou no site de Milton Neves em 10 de março de 2009. Também atua como repórter, redator geral, colunista e fotógrafo. Em novembro de 2010 criou o Bella Macchina, programa em vídeo sobre esporte a motor que já contou com as presenças de Felipe Massa, Cacá Bueno, Bruno Senna, Bia Figueiredo, Ingo Hoffmann e Roberto Moreno, entre outros.

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