Vivemos em um mundo competitivo.
A necessidade de nos apresentarmos como os melhores e mais felizes, entretanto, nos aproxima do ridículo.
Basta uma espiada pelas redes sociais para constatarmos nossa necessidade diária pelo maior número possível de curtidas.
Não importa. Pode ser a foto que fizemos no trabalho, o prato de comida antes da primeira garfada ou o painel do carro com o termômetro assinalando 20º C, apenas para que todos saibam que o ar condicionado está funcionando a contento. Melhor ainda se a quilometragem for baixa, evidenciando que estamos com cacife.
A foto escancara o sucesso sobre o fracasso.
Competir é bom, óbvio. Nos torna mais preparados para a realidade dura.
Em tempos bicudos, como esses em que vivemos, é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte, como diz a canção de Caeteno Veloso.
Se o enfrentamento for no esporte, então...
A Fórmula 1, por exemplo, não costuma reverenciar aqueles que não vencem corridas ou campeonatos.
E, mesmo aqueles outrora vitoriosos, se por acaso já não estiverem no topo, tornam-se alvo fácil da maledicência. Fernando Alonso é a bola da vez...
Bicampeão, o espanhol tinha absolutamente tudo para vencer seu terceiro título em 2007, pela McLaren-Mercedes. Porém, ele e o então estreante Lewis Hamilton duelaram tanto que permitiram que a zebra Kimi Raikkonen levantasse o caneco no final do ano.
Voltou à combalida Renault por dois anos para depois ingressar na Ferrari e enfrentar uma imbatível Red Bull nos quatro primeiros anos e a Mercedes depois.
De volta à McLaren, o espanhol demonstra estar dando de ombros ao que dizem a seu respeito.
Parece ter incorporado o estilo de Nelson Piquet, que gostava de vencer após desenvolver um carro. Verdade seja dita, naquela época os pilotos testavam exaustivamente (na pista, não nos gélidos simuladores).
Nelson passou a temporada de 1982 comendo o pão que o diabo amassou com o motor BMW turbo para ser campeão no ano seguinte.
Alonso depende sobretudo da Honda. O MP4-30 parece ser um bom carro.
Ainda assim, dá a impressão que está se divertindo, mesmo andando no meio do pelotão. Até já flertou com a zona de pontos, no GP do Bahrein.
O espanhol, salvo engano, está bebendo o melhor dos néctares, em pequenas doses.
Talvez tenha adotado aquela filosofia de viver o presente e deixar passado e futuro de lado, sem a necessidade de buscar a felicidade naquilo que ficou para trás, ou empurrar para frente a felicidade almejada.
Percebeu que o mundo da F1 não se resume à Ferrari. Nem às vitórias.
De protagonista, Alonso passou a coadjuvante.
E que mal há nisso?
Não somos quase todos coadjuvantes?
Mesmo quando parecemos protagonistas nas fotos?
Foto: UOL
Alonso no GP do Bahrein. Espanhol terminou em 11º. Foto: UOL
CLIQUE NO LOGO ABAIXO PARA ACESSAR A HOME DE AUTOMOBILISMO DO PORTAL TERCEIRO TEMPO
Editor de automobilismo do Portal Terceiro Tempo, começou no site de Milton Neves em 10 de março de 2009. Também atua como repórter, redator geral, colunista e fotógrafo. Em novembro de 2010 criou o Bella Macchina, programa em vídeo sobre esporte a motor que já contou com as presenças de Felipe Massa, Cacá Bueno, Bruno Senna, Bia Figueiredo, Ingo Hoffmann e Roberto Moreno, entre outros.
F1: Mercedes começa a temporada com dobradinha na Austrália. Alonso bate e capota
20/03/2016F1: Hamilton conquista primeira pole do ano, na Austrália. Massa parte em 6º
19/03/2016Nome de Ayrton Senna se perpetua em parceria com a TAG Heuer
03/12/2015Em entrevista, Bruno Senna fala sobre o começo de sua segunda temporada na F-E
02/12/2015F1: Rosberg vence GP de Abu Dhabi e iguala marcas de Brabham, Hill e Fittipaldi
29/11/2015