A gente até aceita a derrota, Mano, basta mostrar vontade

A gente até aceita a derrota, Mano, basta mostrar vontade

Mano você tem mano no nome, mas ainda não entendeu qual é a pegada dos manos corinthianos. A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. A gente cansou de 0 a 0, 1 a 1, 1 a 0, 0 a 1. A gente cansou de pensar pequeno, de somar pontos para quem sabe lá na frente alcançar um lugar entre os quatro que vão para a Libertadores.
 
Mano a gente gosta de ser campeão, de brigar pelo título. A gente gosta de ver o time jogar pra frente. A gente até aceita a derrota, basta mostrar vontade. Mano a gente não foge à luta, ficamos 23 anos na fila, mas respeita a gente, Mano.
 
Mano eu preciso confessar algo que os outros manos não vão perdoar, mas eu abandonei o Corinthians nos dois últimos finais de semana. E dei sorte porque na quinta-feira eu estava lá na Arena Corinthians quando goleamos o Atlético por 1 a 0. Aliás foi nosso único gol de domingo a domingo e olha que foram três jogos, Mano. E o ingresso na nossa casa tá tão caro.
 
Mas voltando ao assunto. Não levem a mal, Mano e manos. Mas no último domingo, depois de quase dormir vendo pela TV o primeiro tempo de 0 a 0 contra o Criciúma, eu mudei de canal e sintonizei na gatonet Brasil e Argentina, no basquete. Eita jogo bonito, Mano. Eu não entendo muito desse lance basqueteiro, mas botamos os hermanos na roda. E eu lembrei daquela vitória heróica contra o Boca, pela Libertadores. É muito bom ganhar dos argentinos, mas ultimamente só se for no basquete e de vez em quando.
 
Mano eu tinha prometido que nunca mais faria o mesmo, mas repeti a dose. Tava tendo um jogo de tênis, uma tal de Davis. E como era o Brasil em quadra, eu comecei a ver a partida. E não é que o tal do Bellucci botou o espanhol pra correr, mano. Quando deu 4 da tarde, eu mudei pro clássico contra o Flamengo, mas Mano o que era aquilo? Eu já vi Flamengos fortes e inesquecíveis, mas esse de hoje é dureza hein? Só que eles tinham vontade, buscavam o gol. E o Curintia, Mano? Sempre procurando só uma bola. É muito pouco, mano. Eu voltei pro tênis e não vi gols, mas fiquei sabendo que existem passadas, aces, voleios e sei lá mais o quê. E o melhor de tudo: deu Brasil.
 
O jogo acabou e eu voltei pro nosso Corinthians, Mano. Tá certo, Mano que foi roubado, que o juiz deu uma forcinha pro Flamengo, mas Mano você acha que a gente merecia melhor sorte? Mano não faz isso com a gente não. Não acaba com a nossa única diversão.
 
Um abraço do mano...  

Foto: Rafael Neddermeyer/Foto Arena - retirada do portal UOL

SOBRE O COLUNISTA

Marcelo Tieppo é jornalista formado em 1990. Como repórter trabalhou na Folha da Tarde, Notícias Populares, Gazeta Esportiva e no site SportsJá!. Foi premiado duas vezes: em 1997 pela Aceesp e em 1998 pelo Sindicato dos Treinadores. Nos bastidores, bateu uma bolinha na TV Bandeirantes, fez parte da equipe do Globo Esporte e do Esporte Espetacular, ajudou a criar o Esporte Fantástico da TV Record e hoje joga no SBT.

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