Ontem, no Pacaembu, a temperatura era de quase 40 graus na hora do jogo entre Palmeiras e Santos

Ontem, no Pacaembu, a temperatura era de quase 40 graus na hora do jogo entre Palmeiras e Santos

Há um filme da década de 90 cujo título é Razão e Sensibilidade. Caso você não o tenha assistido, vou dar uma dica: o filme não foi produzido pela (nem é ambientado na) CBF. Permitir que num país tropical uma partida de futebol seja realizada às 15 horas é prova de total falta de razão e sensibilidade.
 
Ontem, no Pacaembu, a temperatura era de quase 40 graus na hora do jogo entre Palmeiras e Santos. Vamos combinar que é uma temperatura digna de derreter sandália Havaiana e de fritar os ovos dos pobres coitados que estiveram lá, sentados, para assistir à partida.
 
Desde a zero hora de domingo, em dez estados e mais o Distrito Federal, os relógios foram adiantados em um hora. Horário de verão. Aliás, horário de verão que começa com menos de um mês de primavera. Razão e Sensibilidade.
 
Os relógios foram adiantados, mas as partidas foram mantidas às 16 horas. Só se esqueceram de avisar o Sol, que veio com seu relógio no horário antigo de 15 horas.
 
Alguém pode alegar que Inter e Corinthians jogaram também às 16 e calor não atrapalhou. Aliás, até choveu em Porto Alegre. Tá, tudo bem. Mas há que se lembrar de que o Corinthians ganhou de um time grande. A chuva pode ser encarada como uma consequência.   
 
Nos outros dois jogos no mesmo horário, um em Curitiba e outro em Floripa, ambas com temperatura normal. Ou não, como diria Caetano Veloso. O fato é que mais importante que o pontual calor excessivo é a falta de previsibilidade da CBF. Ninguém prevê nada por ali. Parece a previsão do tempo. Por falar nisso, a julgar pelos últimos erros cometidos a respeito da chegada de chuva em São Paulo, dá a impressão de que é a CBF anda fazendo a previsão.
 
Submeter jogadores, árbitros, repórteres, torcida, enfim, todos os envolvidos com a partida, àquele preview do inferno é coisa de jerico, ou seja, própria de CBF.
 
Mato Grosso e Mato grosso do Sul são dois dos estados que aderiram ao horário de verão. Em nenhum dos dois há um time na Série A ou Série B. Mas se houvesse, não duvido que a CBF manteria jogos às 17 (já que tanto MS e MT estão, normalmente, 1 hora a menos que Brasília). Dá para imaginar o que seria jogar nessas cidades cuja temperatura média é de 38 graus à sombra? Isso me faz lembrar do grande Stanislaw Ponte Preta [Sério Porto] quando um amigo perguntou se em certo país da África era muito quente. Sua resposta foi: “Lá é tão quente que, ano passado, o inverno caiu numa segunda-feira.”
      
Resta-nos esperar que para as próximas rodadas a CBF ao menos pense em adequar as partidas ao novo horário. Até lá estarão todos a sofrer com o sol das 15. Os únicos que estarão isentos são os membros de torcidas uniformizadas, que não sentem o efeito do Sol a lhes torrar os miolos. Motivo: eles não os têm.
 
Magalhães Jr. — O Maga
 
E-mail da coluna: magajr04@hotmail.com

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