Capitão do tetra sofre uma rejeição enorme. Muito além do que merece.

Capitão do tetra sofre uma rejeição enorme. Muito além do que merece.

Antes de qualquer coisa é bom que se diga: eu não sou fã do trabalho de Dunga como treinador! Se eu fizesse uma lista com os nomes dos melhores treinadores para assumir a seleção, o capitão do tetra não estaria nem entre os oito mais indicados por mim. Eu não admirava o futebol jogado pela seleção montada por ele, gostava menos ainda da postura do mesmo em relação a alguns fatores extracampo.

A questão que eu faço, no entanto, é: comparado a outros nomes do mercado nacional, será que Dunga é uma opção tão ruim quanto dizem? Se analisarmos friamente o trabalho do gaúcho no comando da seleção, será que esteve abaixo do que fez a dupla de “gênios consagrados” Felipão e Parreira? No comando do selecionado brasileiro Dunga fez 60 partidas, foram 42 vitórias, 12 empates e apenas seis derrotas. Um respeitável aproveitamento de 76,6%.

Mais do que isso, o time de Dunga tinha um jeito de jogar. Podemos discutir se era um estilo agradável ou não (a mim não agradava!), se era bom ou ruim. Mas era claro que o time tinha identidade, tinha um esquema: marcação forte, postura defensiva de modo que atraía o adversário para seu campo, roubada de bola e contra-ataques fulminantes (utilizando muito bem a velocidade de Maicon, Ramirez e Robinho). Era um esquema limitado e com quase nenhuma variação de jogo, mas agradando ou não, uma coisa é fato: havia um padrão, coisa que faltou e muito na seleção montada por Felipão.

Treinador da seleção entre 2006 e 2010, Dunga pecou em alguns pontos: o principal deles foi levar a ferro e fogo o conceito de grupo fechado. Fez com que o capitão do tetra morresse abraçado a nomes como Doni, Felipe Melo, Grafite... e quando mais precisou de uma variação e de talento, não encontrou. Mais do que isso, Dunga não é uma figura de grande carisma e não faz a menor questão de agradar nenhuma emissora de TV. Ficou, então, com a imagem de vilão, de antipático, mal educado.

Volto a repetir que essa não seria uma das minhas primeiras opções ara assumir o comando técnico da seleção pentacampeã do Mundo, o Brasil merecia um Guardiola, Mourinho, ou Tite que fosse. Mas me arrisco a dizer que Dunga não perde em nada (a não ser no histórico) para Felipão e Parreira (que são, ou eram considerado mestres). Recolocar o capitão do tetra no cargo de treinador do Brasil não é nenhum avanço para o futebol brasileiro, mas também não é um retrocesso (acredito que retrocesso mesmo foi chamar Felipão para comandar a equipe na Copa desse ano). Como diria o genial Tiririca “pior do que está não fica”.

Dunga tem a chance de montar um time muito mais forte do que aquele montado para a Copa de 2010. A esperança é que o gaúcho tenha estudado muito nos últimos quatro anos. A pergunta que eu faria a ele seria: além de treinar o Internacional, o que você fez em relação ao futebol nos últimos quatro anos? Estudou? Se reciclou? Assistiu futebol de outros países? Se atualizou? Se a resposta for sim e se não cometer os mesmo anos de quatro anos atrás, o trabalho pode sim ser satisfatório. Não é o ideal (longe disso), mas confio plenamente que não será pior que o trabalho de seu antecessor!


No Twitter: @lucas_creis
FOTO: UOL

 

 

 

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