Sim, nós corintianos somos um bando de loucos! E vamos assim continuar

Sim, nós corintianos somos um bando de loucos! E vamos assim continuar

Sim, nós somos um bando de loucos mesmo!

Fundado há um século por um grupo de operários do Bom Retiro em uma época de futebol praticado somente pela abastada elite paulistana, o Sport Club Corinthians Paulista nasceu para quebrar paradigmas e ser o grande representante das massas.

Em apenas dois anos, de time pequeno e de várzea passou a fazer parte da nata paulistana do futebol. Dois anos depois, sagrou-se campeão paulista invicto, de forma incontestável.

Começava aí a saga desse clube que, ao longo de um século, colecionou títulos e mais títulos em momentos gloriosos, que jamais serão apagados da memória da nação corintiana.

O Corinthians é, sem dúvida, o time que melhor representa aquela parcela assalariada e sofrida da população, que sonha com uma vida melhor e uma sociedade mais justa em relação à atual política social minoritária e elitista, que pouco faz no sentido de efetivamente transformar a realidade atual e que só faz aumentar a distância entre ricos e pobres.

Para esses torcedores, os craques corintianos são verdadeiros semideuses, capazes de concretizar, a seu modo, esses sonhos, cada vez que entram em campo para, com garra e muita luta, perseguir uma nova vitória.

Cada gol, cada vitória, cada título do Corinthians serve de alento e enche de esperança o coração dos torcedores. Torcedores, que, aliás, nas derrotas renascem das cinzas, tal qual a mitológica ave fênix, num constante processo de renovação de fé e esperança na própria raça humana.

Sim, são eles! Os fiéis torcedores corintianos em ação, na alegria das vitórias e na tristeza das derrotas, porém sempre apaixonados.

Por isso mesmo, mais do que vitórias e títulos, a fiel exige dos seus jogadores, raça, mais até do que técnica apurada.

E também por isso, eu, integrante de uma família bem numerosa, na qual não existe absolutamente nenhum torcedor que não seja do Timão, saúdo, em nome de cada um deles, o Sport Club Corinthians Paulista pelo seu centenário.

Aproveito a oportunidade para agradecer àqueles cinco operários que fundaram o Corinthians, aos nossos primeiros craques Amílcar e Neco, ao Garrincha (para alguns, o maior jogador de todos os tempos), à raça de Zé Maria, ao Wladimir pelo apoio constante pela lateral, ao tricampeão do mundo e inspirador de Diego Maradona, Roberto Rivellino, às arrancadas espetaculares do Palhinha, à inteligência de Zenon, à juventude e oportunismo de Walter Casagrande Júnior, ao calcanhar cirúrgico e debochado do Dr. Sócrates, filósofo da bola, ao Biro Biro (Lero Lero!), ao goleiro Ronaldo, com sua liderança nata e apaixonada, à um dos maiores zagueiros do mundo, o paraguaio Gamarra, ao Neto e ao Marcelinho Carioca pelas jogadas de bola parada e lançamentos milimétricos, a todos os demais craques aqui não destacados (perdoem-me!), à todos aqueles que não se destacaram como craques, mas que serviram como operários de coração e alma ao Corinthians, a todos aqueles que gostariam de um dia ter vestido a camisa corintiana, mas não tiveram essa oportunidade, e finalmente ao fenômeno futebolista e social das duas últimas décadas, Ronaldo Nazário, que mesmo pertencendo ao Olimpo do futebol mundial, veio encerrar sua carreira no time do povo.

Ao vir para o Corinthians, Ronaldo demonstrou humildade e ganhou a devoção da fiel torcida, tornando-se digno de vestir a camisa corintiana, e dando a ela mais dignidade.

Ora! Chega de Lero Lero! De que adianta ganhar o mundo e perder a própria alma? O que são os jogadores senão a continuação de nós mesmos, de nossas perdas irreparáveis, de nossos sonhos não realizados, de nossas conquistas e de todas as nossas loucuras...?

Sim, nós corintianos somos um bando de loucos! E vamos assim continuar pela vida a fora, torcendo pelo TIMÃO.

Parabéns, SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA pelo seu Centenário.

Foto: UOL

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