Jogar no exterior. Às vezes, falta preparo para os nossos jogadores

Jogar no exterior. Às vezes, falta preparo para os nossos jogadores

Pensando em fama e riqueza, alguns jogadores saem do Brasil para jogar em terras estrangeiras. Acabam não rendendo o que poderiam e ficam apáticos diante do desafio que é imposto pelo clube contratante.
 
Por exemplo, vejamos o caso do atacante Adriano, hoje no Flamengo: Aliás, time que se sagrou campeão brasileiro de 2009 e onde Adriano voltou a brilhar como jogador e como pessoa. Desinibido, tranquilo e consciente de si, Adriano chegou a ser, inclusive, um dos artilheiros daquele campeonato, tendo um desempenho há muito tempo não realizado no exterior.
 
Quais seriam as causas do baixo desempenho de Adriano no exterior nos últimos tempos? Cultura diferente? Dificuldades com o idioma nativo? Baixa tolerância  às provocações dos companheiros de clube por ser um atleta de um país de terceiro mundo? Por ser um negro famoso e rico e, com isso, provocar inveja nos demais jogadores? Ou ainda, falta do aconchego do lar, dos amigos de verdade, de um sambinha pra descontrair e de garotas que falem o seu idioma, etc e tal.
 
Ora, por que atletas tão jovens e talentosos precisam sair do Brasil sem qualquer preparo (inclusive psicológico) para enfrentar culturas mais antigas, complexas, rígidas e exigentes do que a nossa? São questionamentos que os responsáveis por nossos jovens talentos deveriam fazer a si mesmos, para avaliar até que ponto a ganância por tanto dinheiro, vale tanto sacrifício.
 
É certo que a carreira de um jogador de futebol é muito curta e complicada. Por isso mesmo pensar sobre o futuro dele, em fazer o pé de meia o quanto antes é tão necessário. Mas, por outro lado, não cumprir um contrato e se debandar para o país de origem, em nada ajuda outros atletas que poderiam ser melhor sucedidos trilhando o mesmo caminho, se tivessem mais respaldo, inclusive   seguros e cientes do que os espera lá fora.
 
Outro caso que nos faz pensar é o do jogador Robinho, aliás, um dos titulares do time de Dunga. Ele já não sentia mais alegria em jogar futebol nos gramados ingleses e pensava, a todo custo, em voltar para os seios da mãe que tão calorosamente o amamentou e o acolheu. A propósito, Robinho também passou a ser esperado por aqui de braços abertos e tudo o mais. Acabou voltando para o Santos e o resto vocês já sabem. Robinho tornou a sorrir, a brilhar e a fazer a diferença.
 
Ora, Robinho estava realmente preparado para jogar no futebol inglês? Quais eram suas expectativas quanto a isso? O assunto foi com ele debatido à exaustão antes da negociação ou pensou-se apenas no enriquecimento de uns poucos com essa transação? É para se pensar, não é?
 
Será que o nosso moleque atrevido, achou que bastaria apenas dar umas pedaladas e correr para o abraço da torcida? Será que nosso Robinho estava preparado psicologicamente para enfrentar uma cultura tão mais antiga e um futebol com disciplina mais rígida e pragmático como o inglês? E de que precisaria atacar e marcar o tempo todo, como faz o atacante do Manchester United e titular da seleção inglesa Wayne Rooney?
 
Recentemente, Robinho declarou que sua mãe há muito tempo não assistia uma partida sua. Ora, qual mãe gostaria de ver o filho esquentando banco ou jogando de cabeça baixa, e sem a menor criatividade? Certamente nenhuma.
 
Esses garotos precisam ser melhor preparados para saber que o bom desempenho no futebol não decorre apenas do talento que possuem para decidir uma partida, mas também da dedicação aos treinamentos, da disciplina, dos  relacionamentos extra campo, seja com a imprensa, com os colegas, com a torcida, enfim, é preciso preparo e talento para tudo isso também, caso contrário, as chances de frustração podem ser maiores do que as de sucesso.
 
A propósito, existem outros exemplos de desempenho pífio de brasileiros em solo inglês nos últimos tempos. Elano e mais recentemente o meio campista Anderson, que anda querendo seguir os passos de Robinho e retornar ao Brasil. Isso é muito bom pra nós, e pior para os ingleses. Azar o deles...
 
O fato é que vários jogadores brasileiros (todos selecionáveis) não deram certo no futebol inglês e no futebol italiano, etc e tal..., apesar de serem talentosos. 
 
Ora, se considerarmos que além de ter uma carreira curta, o jogador de futebol brasileiro ainda é o nosso maior produto de exportação, então concluiremos que ele precisa ser melhor preparado para enfrentar as exigências do futebol europeu, de modo que possa fazer de sua passagem pelo futebol estrangeiro, um exemplo de sucesso para aqueles talentos que ainda trilharão o mesmo caminho.

Foto: UOL

SOBRE O COLUNISTA

Advogada pós-graduada em Direito Comercial pela Universidade de São Paulo ? USP, Especialista em Direito Tributário pelo Centro de Estudos de Extensão Universitária, Membro da Comissão de Direito Desportivo da OAB/SP no biênio 2006/2007, Consultora Jurídica da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação ? ABRAT entre 2004 e 2007, tem artigos publicados sobre diversos temas jurídicos e ... Saiba Mais

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