A Portuguesa está na terceira divisão do futebol brasileiro. A degola para a Série C era uma tragédia anunciada e revela um clube abandonado pelos seus dirigentes e desacreditado pelos seus torcedores.

A torcida, inclusive, sempre buscou fez sua parte, mas os desmandos dos dirigentes minaram a paixão e a motivação até dos mais fanáticos. A Lusa sofreu um rebaixamento resignado para a terceirona, em silêncio, sem protestos até mesmo da torcida, que já assimilara o duro golpe mesmo antes do início da competição.

A Lusa precisa mirar o futuro com otimismo e união da comunidade portuguesa e seus simpatizantes. É difícil fomentar o desejo pela volta com o clube afundado em dívidas e rachado numa briga que parece não ter fim entre suas várias correntes políticas internas.

No entanto, acredito que só uma trégua em nome da história e da tradição pode salvar a Portuguesa, que corre sim o risco de sumir do cenário do futebol brasileiro diante dos problemas que minam seus cofres.

Assim como todo repórter, cobri a Portuguesa no início de carreira. Vivi no Canindé momentos pitorescos, de um clube recheado de boas histórias e de uma simplicidade ímpar, mas que sempre apresentou uma equipe competitiva e forte, sobretudo quando atuava em seus domínios.

Como setorista, acompanhei de perto o trabalho do técnico Mario Jorge Lobo Zagallo no Canindé. Um momento saboroso e que me causa uma boa dose de nostalgia, já que a Portuguesa ganhou à época o cenário nacional com o treinador e as finais do estadual.

Naquela época, a Lusa já apresentava suas mazelas, mas não deixava de ser forte e figurar entre as forças do futebol paulista.

No entanto, a Portuguesa sofreu nos últimos anos um processo de desmoralização interna. Os dirigentes largaram o clube, sangrando seus cofres e jogando a agremiação no buraco da terceira divisão.

O golpe fatal aconteceu no final do ano passado, quando a Portuguesa acabou rebaixada no Brasileirão pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), após a escalação de forma irregular do jogador Heverton, na última rodada do nacional.

A ação do Tribunal beneficiou diretamente o Fluminense, que fora rebaixado dentro de campo e causou a revolta da nação rubro-verde e dos simpatizantes do futebol.

Com o passar do tempo ficou claro que a Portuguesa não se tratava de vítima no episódio do rebaixamento, mas vilã da sua própria degola. Um episódio triste e ainda nebuloso, cuja verdade nem sei se virá à tona.

 A Portuguesa precisa começar do zero se quiser voltar à elite. Mais do que nunca, o clube precisa da união dos seus torcedores. Acredito que só a paixão da torcida para reerguer o clube.

O rebaixamento à terceirona é um duro golpe, é fato, mas proponho aqui uma virada a começar com a renúncia da atual diretoria. Um grupo de ilustres torcedores lusos deveria ser convocado para assumir com um único propósito: a salvação da Portuguesa.

Uma pergunta que deve ser feita aos dirigentes que se revezaram no comando do clube nos últimos anos é se vale a pena continuar a briga interna e assistir o clube a se afundar ou seria melhor uma trégua na busca pela salvação da Lusa.

Os verdadeiros lusitanos deixariam de lado os interesses pessoais para salvar o clube. Mais do que nunca, a Portuguesa precisa adotar a história frase criada pelo francês Alexandre Dumas: Um por todos, todos por um. Ou melhor, um por todos, todos pela Lusa!

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Foto: UOL