O discurso de Cuca após a derrota do Palmeiras para o Santos é de quem deseja ir embora do clube ao final da temporada. Quem vive o mundo do futebol tem feeling apurado para ler nas entrelinhas as declarações dos entrevistados, apesar de que o treinador é muito claro quando diz “a fila anda”.

“Faltam 12 rodadas, não adianta ter contrato de cinco, dez anos com a equipe. Se as coisas não andam, a fila anda, você busca outros ares. Eu também não me aperto em contrato longo. Quero ir bem esse ano. Quando acabar vamos ver se é bom continuar ou não, estamos muito abertos quanto a isso também”, afirmou Cuca.

O treinador não está confortável no Palmeiras, é fato. Não pelo fato de o time não estar jogando o futebol esperado, tampouco pela enorme desvantagem de pontos para o líder Corinthians. O que incomoda Cuca é o trabalho não ter a “sua cara”, pelo fato de ter assumido o time em meio à temporada.

Sim, Cuca sabia dos problemas que teria pela frente quando assumiu o time em meio ao Brasileirão. No entanto, o treinador talvez não tivesse noção do tamanho do problema que lhe aguardava. Cuca é sistemático e gosta de ter o controle não apenas do vestiário, mas de tudo que envolve o departamento de futebol. E hoje ele não tem...

Por isso, o seu desconforto. Por isso, o seu discurso de adeus.

No entanto, não cravo que Cuca se despedirá ao final do ano do Palmeiras. O futebol é muito dinâmico. A tendência, hoje, é de que o treinador encare novos desafios a partir do próximo ano. Mas é fato também que Cuca tem identificação com o clube e, apesar do fiasco da atual temporada, é visto ainda como um campeão dentro do Palmeiras.

Um planejamento bem feito, de início de temporada, com dispensa de atletas e a chegada de outros sob a sua batuta pode mudar o pensamento do treinador. Resta saber se a cúpula palmeirense tem interesse na permanência do treinador. Cuca não é fácil. A diretoria alviverde também não. A incógnita sobre sua permanência persistirá por mais um tempo.

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Foto: UOL