Não sou infantil, tampouco um sem noção. Sei do tamanho da violência no Brasil e no mundo. Da intolerância e do ódio que somos obrigados a conviver diariamente. Mas sei também do tamanho da tragédia com o voo da Chapecoense e acompanhei de perto a comoção mundial.
A maior tragédia do esporte chocou, feriu, mas mudou também algumas certezas que carregava comigo. A dor segue enorme, mas as atitudes de compaixão com nós, brasileiros, são reconfortantes.
Por isso, tenho, sim, uma ponta de esperança que uma tragédia assim possa mudar a postura das pessoas. No esporte, que ela seja suficiente para amenizar a intolerância e o fanatismo esportivo e injetar um convívio mais humano, decente, social.
Por que não acreditar que isso possa ser possível?
Já tinha jogado a toalha para o ser humano, acreditando ter sido uma experiência que definitivamente não havia dado certo. Admito isso com muito pesar. No entanto, após a semana de mobilização mundial em torno da dor Brasil, diante da tragédia com a Chapecoense, mudei minha convicção. Enterrei meu ceticismo e acredito que existem, sim, pessoas ruins, maldosas e intolerantes pelo mundo, mas tem também milhares de pessoas boas, humanas e sensíveis.
Entre os torcedores, o sentimento de união e compaixão existe. Não vi ou acompanhei, por exemplo, um corintiano se posicionar contra o verde, a cor do maior rival, no site e nas redes sociais do clube. Quem acompanha o time do povo, sabe o tamanho da atitude que o clube teve em nome de Chapeco e do Brasil. Foi histórico!
Propus em conversas reservadas com amigos, que durante a pré-temporada, em janeiro, alguns clássicos fossem realizados pelo Brasil sem divisão de torcida. Tudo junto e misturado e com renda revertida para a Chapecoense. Fui vaiado por muitos e chamado de louco por tantos outros, mas sigo fiel à minha postura otimista, que defende uma mudança para melhor no cenário do futebol brasileiro.
Sim, estou ainda em coma pela dor da tragédia, mas ainda mais anestesiado pelas ações pelo mundo em solidariedade à Chapecoense e ao Brasil. Esta postura solidária pode e deve permanecer. Não devemos alimentar o discurso pessimista e acreditar que o cenário de violência deva ser mantido pelo simples fato de crermos ser possível uma mudança. Vamos agir! Peguemos uma carona nessa onda de solidariedade em nome do esporte. Em nome da vida.
Nunca pensei que pudesse adotar este discurso assim, pois, há alguns anos, carrego o gosto amargo do ceticismo, da revolta com todas as mazelas do mundo. Mas depois da morte coletiva de mais de 70 pessoas e entre elas amigos que fiz nessa caminhada por aqui, quero e preciso acreditar na mudança, no melhor convívio, nestas ações solidárias que tanto me emocionaram nos últimos dias. Torço por isso.
Voltei a sonhar e espero não acordar. A queda do voo foi um pesadelo, mas a solidariedade mundial é um sonho que deve se tornar realidade. Eu quero e espero ajudar para que se concretize. Quem me acompanha neste desafio?
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Foto: Divulgação
Paulistano com muito orgulho, Salgueiro, como é conhecido, é pisciano, jornalista diplomado, repórter fuçador, irriquieto e um cidadão inconformado. Engatinhou na profissão na Rádio CBN, onde aprendeu muito no rastreio das informações. Depois seguiu para a imprensa escrita, no DIÁRIO POPULAR, que virou mais tarde DIÁRIO DE SÃO PAULO, permanecendo por lá 14 anos. Nos últimos anos colaborou com v&a... Saiba Mais
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