O empresário potiguar Carlos Rosado estava ao meu lado na tarde de 19 de novembro de 2005 quando Real Madrid e Barcelona fizeram um jogo histórico no Santiago Bernabéu

O empresário potiguar Carlos Rosado estava ao meu lado na tarde de 19 de novembro de 2005 quando Real Madrid e Barcelona fizeram um jogo histórico no Santiago Bernabéu

O empresário potiguar Carlos Rosado, ou como dizem os íntimos “Bebé da Harabello”, estava ao meu lado na tarde de 19 de novembro de 2005 quando Real Madrid e Barcelona fizeram um jogo histórico no Santiago Bernabéu, com direito a um show de Ronaldinho Gaúcho.

Nós havíamos atravessado a França num carro da marca estatal espanhola Seat e depois de um tour quase interminável por terras de Espanha paramos para assistir o grande clássico. Vimos o duelo cercados por fanáticos torcedores do time blanco da capital.

O Real Madrid era o exército galáctico de Zidane, Ronaldo Fenômeno, Raul, David Beckham, Roberto Carlos, Casillas e Robinho. Mas o Barcelona tinha Ronaldinho em tarde de graça e comandando um elenco de jovens talentos, entre eles um menino chamado Lionel Messi.

Ao término do primeiro tempo, eu e meu amigo percebemos o óbvio: o time anfitrião não resistiria à juventude do rival visitante. Foram dois gols do camisa 10 e um de Eto’o após grande jogada do camisa 30, Messi, em seu primeiro clássico na Espanha.

Seis meses antes, o garoto argentino de 17 anos havia marcado seu primeiro gol pelo Barcelona após substituir exatamente Eto’o. Na verdade, foi o segundo, já que minutos antes o juiz anulara uma conclusão em que ele encobriu o goleiro após passe de Ronaldinho.

Como se estivessem dando resposta ao ato falho da arbitragem, a dupla repetiu a mesma jogada, com Ronaldinho levantando a bola por sobre a zaga e Messi amortecendo com um belo lençol no goleiro do Albacete. As duas jogadas foram reproduzidas à exaustão na mídia.

Esses dois momentos de Messi, tanto no primeiro gol quanto estreando no clássico, foram como anúncios de uma boa nova para o futebol mundial. Desde então, o esporte bretão no início do século XXI consagrou na história da bola uma nova era messiânica.

Ele vestiu pela primeira vez a camisa do Barça em 14 de novembro de 2003, aos 16 anos, num amistoso contra o Porto de Portugal. A timidez, uma marca, já se manifestava ali ao declarar que seu sonho era firmar-se no time titular. Ainda estava no juvenil.

O tempo correu e o mundo viu um craque fazendo coisas dos tempos de Pelé, dando exibição de gala a cada semana, marcando gols em larga escala e superando as marcas históricas das artilharias em quase todas as competições disputadas pela Europa.

Sábado, 22 de novembro, os jogadores do Barcelona demonstraram o lado súdito que há em cada um deles quando o assunto é Messi. Jogaram o colega para o alto e fizeram corredor para reverenciá-lo na saída de campo, após ele estabelecer o recorde da liga espanhola.

Com três gols no Sevilha, um deles quase uma cópia do primeiro gol nove anos antes, o gênio de Rosário chegou a 253 gols e superou o atacante basco Telmo Zarra, que nos anos 1950 marcou 251 gols e parecia insuperável. Messi ganhou as manchetes mundiais.

Ontem, 25 de novembro, apenas 72 horas depois da marca histórica estabelecida na Espanha, o craque fez valer sua sina de filho dos deuses da bola, atleta sem limites. Marcou três gols de novo e pulverizou o recorde de Raul (o mito do Real Madrid) chegando a 74 gols na Champions League.

E não ficou só nisso. Foi também a quinta vez que Messi fez um hat-trick em jogos oficiais da competição, superando a si mesmo, já que nem um outro jogador até hoje conseguiu marcar três gols numa partida acima de três vezes.

Não se pode medir Messi pela régua de outro craque do seu tempo. Que me desculpem os fãs de Cristiano Ronaldo, um jogador incontestável, mas muito aquém do talento mágico do argentino. A única referência para Messi há de ser ele mesmo.

Não existe Messi em má fase, mas sim Messi atuando abaixo do padrão Messi. Se é que o leitor do Terceiro Tempo está me entendendo. Tomemos o ano de 2014 como exemplo. Sem ele, sem os gols e assistências, seria possível à seleção da Argentina chegar na final da Copa do Mundo?

O mais espetacular jogador de futebol desde o rei Pelé está fechando o ano batendo três recordes em três dias e ainda tendo provocado no mês de julho uma invasão de argentinos no mítico estádio Maracanã em plena festa que estava planejada e sonhada para o Brasil.

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Foto: Arquivo pessoal do colunista

SOBRE O COLUNISTA

Jornalista, editor da coluna Portfolio em "O Jornal de Hoje" e dos sites alexmedeiros.com, Sanatoriodaimprensa e RN Notícias, tem 3 livros publicados.

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